Dona América "In Memorian"

“Dona” América, como era chamada, sempre 
foi referência entre velejadores, embora 
não gostasse muito de velejar, 
faleceu no domingo, Dia das Mães, 
vítima de um infarto. Foto: Liz Wood.
De seu apartamento em Curitiba (PR), a radioamadora paulista América Almeida de 84 anos participava das aventuras de navegadores brasileiros como Amyr Klink, Márcio Dottori e Marçal Ceccon.

Sua história com o rádio começou com seu marido, Arsênio de Almeida, na década de 60, que trouxe um rádio para casa. Mas ele não se entusiasmou muito e logo quem atendia aos chamados era Dona América. “Fui achando freqüências diferentes, conversando com um aqui, outro ali. Quando me dei conta, estava passando informações para navios mercantis”, contou ela a um site de radioamadorismo. Com isso acabou aprendendo línguas como italiano, espanhol e inglês. E em contato com velejadores acabava fazendo uma “ponte” entre as famílias distantes, via telefone. 

Ela chegou a monitorar 30 barcos simultaneamente. Entre eles o veleiro do jornalista Marco Dottori que num veleiro de 30 pés (Aladim 30), saiu (e voltou) do Brasil para a África do Sul em solitário. Também foi ela quem batizou de Theobaldo, o leão-marinho de Amyr Klink na Antártica.

Das 18 às 22 horas era um horário sagrado para ela, quando todos os velejadores faziam contato com ela. “Dona América foi durante muito tempo o anjo da guarda dos velejadores que se arriscavam pelos oceanos. Durante os 10 anos que navegamos pelos mares em nossa primeira expedição, nosso principal elo com o Brasil era América Almeida. Através dela, ficamos sabendo de muitas novidades e as notícias sobre mortes e nascimentos na família”, comentou Heloísa Schürmann.

Nos últimos anos ela já estava afastada das funções que a deixaram famosa em qualquer roda de velejadores cruzeiristas.

O radioamadorismo e navegadores ficam em silencio.