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Manter o padrão de qualidade, desafio da Rolex Ilhabela Sailing Week para 2014‏

Organização anuncia 41ª edição entre os dias 19 e 26 de julho, para que regatas sejam disputadas depois da Copa do Mundo

(no final da matéria, veja as fotos da premiação)

foto: Rolex | Carlo Borlenghi
A credibilidade adquirida pelo maior evento da vela oceânica da América Latina transformou as regatas disputadas anualmente no litoral norte em Rolex Ilhabela Sailing Week e a responsabilidade dos organizadores ficou ainda maior. A evolução exige esforço redobrado para que o evento atinja a expectativa dos participantes. Neste ano, 134 barcos inscritos trouxeram mais de mil velejadores ao Yacht Club de Ilhabela. A atual preocupação está nitidamente voltada para a qualidade. 

"Tecnicamente já atingimos um padrão internacional. Agora o maior desafio é de mantermos esse padrão para continuarmos atraindo as tripulações dos outros países e também de outros estados brasileiros", desejou o diretor de Vela do Yacht Club de Ilhabela, Carlos Eduardo Souza e Silva, o Kalu, comandante do tradicional veleiro Orson. Além dos sempre assíduos paulistas, Ilhabela atraiu velejadores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Brasília, Minas Gerais e Bahia. De fora do País vieram britânicos, porto-riquenhos, norte-americanos, argentinos, uruguaios, austríacos e portugueses. 

A 40ª Edição da Rolex Ilhabela Sailing Week ganhou um brilho especial com a inclusão da classe Star, pela primeira vez convidada. Medalhistas olímpicos e mundiais como Robert Scheidt, Bruno Prada, Lars Grael e Reinaldo Conrad, transformaram as regatas de Star em um desfile de campeões. "A intenção em trazer a classe para Ilhabela é de apoiar a campanha para que a Star volte ao calendário olímpico nos Jogos do Rio. Precisamos incentivar nossos velejadores pensando nos Jogos Pan-Americanos e nas Olimpíadas", alertou o comodoro do Yacht Club de Ilhabela, Marco Fanucchi.

A gestão de Fanucchi na comodoria encerra-se antes da próxima Rolex Ilhabela Sailing Week. Não é motivo para que o otimista dirigente deixe de acreditar em vida longa para o evento. "Eu deixo o cargo, mas o espírito de sempre permanece. Não tenho dúvidas de que a competição um dia será centenária", previu Fanucchi , analisando o que viveu durante a semana no clube. "O balanço é mais do que positivo. Estou muito feliz. Vi as pessoas velejando e se divertindo. Vamos nos reunir para uma avaliação precisa e a partir de agosto já pensamos em 2014. 

A evolução da classe C30 - Estreante na Rolex Ilhabela Sailing Week em 2012, com seis barcos inscritos, a classe C30 apresentou-se neste ano como a mais promissora entre os monotipos de oceano. A flotilha registrou um aumento de 50%, elevando para nove o número de embarcações na 40ª edição. A performance e a praticidade que o veleiro oferece aos tripulantes são os motivos que têm levado alguns velejadores a migrar para a classe.

"É um 30 pés que anda como se fosse um 40. O projetista, Horácio Carabelli, acertou em cheio. Outra vantagem, é poder retirar o barco da água em qualquer iate clube, o que reduz muito o custo de manutenção" destacou o velejador olímpico André Fonseca, o Bochecha, responsável técnico pela classe e tático do C30 Loyal, bicampeão em Ilhabela. 

Em breve, Bochecha deve assumir também o controle da produção dos veleiros, atualmente laminados no estaleiro de Guilherme Cará, em São José dos Campos. "Ainda estamos analisando a situação. Por enquanto estou ajudando na entrega de três ou quatro barcos, mas gosto muito do projeto, principalmente porque incentiva a produção nacional", afirmou o velejador. 

Classes que fizeram campeões em Ilhabela e que também projetaram uma evolução na vela oceânica, acabaram não se consolidando. "O ILC 30 andava bem, mas como os barcos não tinham a mesma medição, atingiam velocidades diferentes. O S40, apesar de ser ’one-design’, tem a dificuldade de importação e é difícil de se armazenar", relatou Bochecha, ratificando que o custo do C30 pode ser considerado "mais acessível" em relação aos barcos maiores. O mastro é um dos únicos componentes que precisa ser importado. 

Como a própria classe está zelando pela produção dos novos barcos, Bochecha espera que nos próximos meses sejam encomendados mais alguns modelos C30. Cada veleiro consome cerca de quatro meses para ser fabricado. A expectativa do responsável técnico é de que na Rolex Ilhabela Sailing Week de 2014, a classe receba entre 12 e 14 inscrições. As velas, que hoje permitem variações, também passarão a ser unificadas. 

O presidente da classe, Marcelo Massa, comandante do Loyal, acredita que a participação efetiva de Bochecha na coordenação, favorecerá o desenvolvimento. "Se nós conseguirmos quatro ou cinco novos barcos a cada ano, será ótimo. Muita gente da HPE está migrando para o C30. Tenho três tripulantes que fizeram essa opção. A HPE, com 10 anos, consegue levar 25 veleiros para a raia, o que é muito bom. Logo também alcançaremos essa condição. A classe já está consolidada", comemorou Massa, bicampeão da Rolex Ilhabela Sailing Week. 

"Ilhabela não é apenas a capital nacional da vela, mas também a capital do C30". A frase de Massa resume bem o projeto que tem como próximo objetivo a realização do Campeonato Brasileiro de 2014 no Litoral Norte. O Loyal e o Barracuda, destaques da Rolex Ilhabela Sailing Week, têm sede em Ilhabela. O segundo é comandado pelo secretário-geral da classe, Humberto Diniz. O velejador estima que até o final de 2014, 20 monotipos estarão competindo juntos. "Só aqui na Ilha já temos seis barcos e nos próximos meses virão mais dois. O custo atual é de cerca de 350 mil reais, um terço do valor de outros barcos de oceano, e deve baixar ainda mais. A manutenção pode ser feita com um quinto do que se gastaria com um veleiro maior e bastam seis tripulantes para velejar". 

Na noite do sábado, as tripulações vencedores das sete classes receberam seus troféus na sede da Yacht Club de Ilhabela. Esta edição fez uma homenagem ao veleiro Saga, primeiro e único barco brasileiro a vencer a Fastnet Race, considerada a mais clássica das regatas oceânicas, em 1973.

Premiação Especial

Sul-Americano da Classe ORC A
1º - V8 Nitro (Paulo Treu)

Sul-Americano da Classe ORC B
1º - Bachajo (ARG - Alejandro Menendez)

Campeonato Brasileiro da Classe C30 
1º - Loyal (Marcelo Massa)

Principal evento náutico esportivo da América Latina, a Rolex Ilhabela Sailing Week teve patrocínio titular da Rolex e patrocínios da Mitsubishi Motors e Bradesco Private. O evento teve apoio da Marinha do Brasil, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ABVO e das Classes ORC, HPE, C30, S40 e RGS, entre outros. A organização, sede e realização foram do Yacht Club de Ilhabela (YCI).

fonte: ZDL de Comunicação



40ª edição da Rolex Ilhabela Sailing Week define seus campeões‏

Maior evento náutico da América Latina contou com a participação de 134 barcos no Yacht Club de Ilhabela

(no final da matéria, veja fotos e os resultados finais)

foto: Rolex | Carlo Borlenghi
A Rolex Ilhabela Sailing Week definiu, neste sábado (13), todos os campeões da 40ª edição do maior evento de vela oceânica da América Latina, com destaque para o Loyal, na C30, e o Kiron III, na ORC Geral. A tradicional semana contou com a participação de 134 barcos e velejadores do Brasil e de países como Argentina, Áustria, Estados Unidos, Porto Rico, Reino Unido e Uruguai. No último dia de provas, os ventos, sempre de fraca intensidade, demoraram para entrar na raia e as regatas se tornaram ainda mais técnicas, exigindo muita perícia das tripulações em busca de qualquer rajada que pudesse dar velocidade aos barcos. 

Na promissora classe C30, o Loyal conquistou o bicampeonato com uma campanha exemplar: seis vitórias em nove regatas. Com apenas 11 pontos perdidos, o barco do comandante Marcelo Massa, ficou à frente do Katana/Energia (18 pontos) e do Caballo Loco (26), os três com direito ao pódio. O Loyal foi para a última batalha como amplo favorito ao título. Precisava de apenas um sétimo lugar em duas provas previstas. A Comissão de Regatas optou por cancelar a segunda devido à falta de vento. 

Na única disputa do dia, chegou na segunda colocação, atrás do Katana, e a tripulação pode comemorar a segunda conquista consecutiva em Ilhabela. "Temos de atribuir o título ao empenho de toda a tripulação, que está de parabéns. Treinamos o ano todo e na hora de competir soubemos velejar em todas as condições de vento. Essa regularidade mostra que os treinos deram resultado", avaliou André Fonseca, o Bochecha, tático do Loyal e velejador olímpico. 

Apesar do rendimento do barco campeão, o comandante Massa demonstra a necessidade de manter a tripulação afinada porque os adversários estão evoluindo. "As regatas de veleiros iguais, como os C30, proporcionam equilíbrio. Tivemos muito trabalho para vencer o Caballo Loco. A tripulação de Ubatuba mostra que está mais bem preparado a cada competição". 

A formatura dos catarinenses - Persistência, talento e amizade a bordo marcaram a conquista do Kiron III, do comandante Leonardo Guillermo Cal, na classe ORC Geral. A equipe do Iate Clube de Santa Catarina participa da Rolex Ilhabela Sailing Week desde 2007 e a edição 2013 coroou o trabalho dos velejadores, que tem o campeão pan-americano e mundial Matheus Dellagnelo como tático e timoneiro. O resultado coloca a equipe no hall dos grandes campeões da Semana de Vela. 

Os vencedores consideraram a vitória uma formatura a bordo. "Como médico, eu precisei de seis anos para pegar o diploma. Na vela, encaro a conquista em Ilhabela como um momento histórico para toda a equipe. Uma formatura no mar. A amizade entre os tripulantes nos levou ao título, pois quando chegamos aqui há sete anos ninguém sabia velejar direito e hoje somos campeões", enalteceu emocionado o cardiologista uruguaio Leonardo Guillermo Cal. O relógio Rolex, prêmio concedido aos comandantes campeões, ele promete não tirar do pulso. "Foi a maior vitória da carreira".

Leonardo Guillermo Cal completou: "A Rolex Ilhabela Sailing Week desse ano foi uma lição de vida. No primeiro dia, sem vento, a paciência deu o tom. Fomos aprovados nessas condições. Na sequência, a segunda regata foi disputada com muito vento e ondas grandes. Entrou a coragem. No fim, com a liderança, a tripulação do Kiron teve sabedoria e Inteligência para não colocar tudo a perder".

Os alunos do professor Leonardo Guillermo Cal passaram por escolas de Optimist em Santa Catarina. O maior talento é Matheus Dellagnelo. Com o ouro nos Jogos Pan-Americanos e no Mundial de Sunfish, além da campanha para 2016 na Laser, o atleta acumula experiência e talento para ser o tático do Kiron, uma das funções mais importantes dentro de um barco. A estratégia dele deu certo e a equipe venceu quatro das nove regatas disputadas. "Chegamos em Ilhabela sem saber como o barco se comportaria em todas as condições de vento. Mas o veleiro correspondeu, principalmente no vento forte. Erramos apenas uma manobra em todos as regatas do campeonato, provando que o entrosamento foi determinante".

Na classificação final da ORC Geral, o Kiron venceu com nove pontos de vantagem sobre o Angela Star, de Peter Siemens. A competição contou com 28 barcos. A equipe catarinense, que mede em ORC 650, também foi campeã nessa subdivisão. Na ORC 700, o primeiro colocado foi o Rocket Power, de Luiz Augusto Lopes.

Campeões da RGS, a maior flotilha - Na RGS, classe com a maior flotilha da Rolex Ilhabela Sailing Week, os campeões foram conhecidos no último dia de regatas. Na "A", o melhor foi o Quiricomba, barco tripulado por aspirantes da Marina do Brasil. O barco da Escola Naval superou o Jazz, de Valéria Ravani na última prova e os jovens oficiais puderam colocar mais esse título no currículo. "É uma tripulação talentosa e que tem a linguagem náutica no sangue. O time passa por uma renovação e o título nos dará ainda mais moral", comemorou o jovem comandante Arytan Silva. "Nossa tripulação é destaque da semana. Ganhamos as regatas dentro da água e as meninas de Ilhabela nas competições fora do mar".

Na RGS B, o Mandinga, de Jonas Penteado, venceu o campeonato, assim como o Rainha/Empresta Capital, de Leonardo Pacheco, na "C". O Jambock, de Marco Aleixo, levou a melhor na Cruiser. Na IRC, classe que fez sua estreia na Rolex Ilhabela Sailing Week, O Rudá, de Guilherme Hernandez, mesclou tripulantes caribenhos e brasileiros. A mistura resultou em título.

Ginga vence regata final, mesmo com título antecipado da HPE - A tripulação do Ginga, comandada por José Vicente, fechou com chave de ouro a HPE ao cruzar a linha na primeira colocação. na última regata do campeonato. A equipe, por ter vencido a Rolex Ilhabela Sailing Week com um dia de antecedência, nem precisava ir para a raia. A vantagem para o vice-campeão, Fit to Fly, de Eduardo Mangabeira, foi de 18 pontos, com seis vitórias em 10 regatas. 

A classe HPE mostrou força com 25 barcos na raia. Praticamente todas as equipes contaram pelo menos com um atleta profissional ou tripulante com experiência em regatas internacionais. Um dos exemplos é o segundo colocado Fit to Fly com o especialista em match race e integrante da nova geração da vela, Henrique Haddad, o "Gigante". Outro destaque foi o Relaxa Next/Caixa, de Roberto Mangabeira, quinto colocado com dois campeões mundiais e pan-americanos a bordo: Maurício Santa Cruz e Alexandre Saldanha. "A classe HPE tem muitos barcos, teoricamente iguais, atraindo os velejadores que não gostam de competir com a regra de tempo corrigido. Além disso, com vento, o monotipo é muito gostoso de se velejar graças ao balão assimétrico. Mas quando não tem vento fica difícil", analisou Alexandre ‘Spanto’ Saldanha. 

Mesmo as tripulações que não contavam com velejadores consagrados tiveram a chance de brigar de igual para igual com os chamados profissionais. "Conseguimos ser a melhor equipe amadora na disputa e o resultado deve ser comemorado. Velejar no meio de tanta gente boa e às vezes chegar na frente deles é gratificante", disse Fernando Haaland, que levou seu barco Repeteco ao sexto lugar na classificação geral da classe HPE. O velejador é presidente nacional da classe.

Fuchs à frente de Lars - Com os campeões antecipados Robert Scheidt e Bruno Prada fora da raia, a disputa do vice-campeonato monopolizou as atenções do sábado na classe Star. Marcelo Fuchs e Ronald Seifert venceram a última regata e asseguraram a medalha de prata. A dupla Lars Grael/Samuel Gonçalves chegou em segundo para complementar o pódio. Encerrada a Rolex Ilhabela Sailing Week, Lars e Samuel seguem treinando para o Mundial de Star, entre os 1º e 8 de setembro em San Diego, na Califórnia. Os tricampeões mundiais, Scheidt e Prada, projetam reatar a dupla para o Mundial de 2014, no Lago de Garda, "quintal de casa" em relação à atual residência de Scheidt, na Itália. 

A classe S40 também já estava definida desde a sexta-feira, com o título para o Crioula, comandado por Eduardo Plass, que foi para a raia e confirmou sua oitava vitória na competição, à frente do vice-campeão Carioca, de Roberto Martins. 

Principal evento náutico esportivo da América Latina, a Rolex Ilhabela Sailing Week teve patrocínio titular da Rolex e patrocínios da Mitsubishi Motors e Bradesco Private. O evento teve apoio da Marinha do Brasil, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ABVO e das Classes ORC, HPE, C30, S40 e RGS, entre outros. A organização, sede e realização foram do Yacht Club de Ilhabela (YCI).

Fonte: ZDL de Comunicação




A história dos 40 anos da maior regata de oceano da América Latina, contada pelos seus protagonistas

Evolução nestes 40 anos é referência para a vela e conduz o evento ao prestigiado circuito mundial Rolex


A evolução da vela oceânica no Brasil passa obrigatoriamente pelo Yacht Club de Ilhabela (YCI) e seus pioneiros associados, que não imaginavam a dimensão que uma disputa de monotipos e um passatempo a bordo entre Santos e Ilhabela, antes mesmo dos anos 70, viria tomar até adquirir o prestígio necessário para se tornar a maior competição da América Latina e se consagrar definitivamente como Rolex Ilhabela Sailing Week e chegar à 40a. edição em 2013. 

O YCI não passava de uma garagem à beira mar para abrigar apenas algumas embarcações. A maioria, pequenas lanchas. "Por volta de 1970 comprei em Santos, o Galeão, um veleiro com casco de madeira e velas de algodão e trouxe-o para a Ilha. Até aquele momento só existiam o Brisa e o Moleza em Ilhabela. Passamos a sair juntos para velejar". Com o "pega-pega" entre os veleiros, começava a se formar, para o empresário e velejador Nelson Bastos, a primeira ideia de uma competição à vela no litoral norte de São Paulo. 

Nelson Bastos - foto Aline Bassi
Balaio de Ideias
A vontade de velejar com mais eficiência levou Nelson a trocar de barco. Comprou o Toya, modelo Ranger 23, seu primeiro veleiro construído em fibra e com velas sintéticas. "No Carnaval de 1973, juntamos meia dúzia de barcos em Santos para velejarmos até Ilhabela. Não tinha rating nem nada. Era mais uma brincadeira". Também vieram à Ilhabela o Áries, comandado por João Zarif, o Rajada, do Mario Franco e o Fuga, do Luigi Frankhental. 

A inspiração para os precursores do YCI criarem uma disputa que viria a compor a própria história do charmoso clube, veio também das primeiras competições de monotipo organizadas no litoral norte pelo Grêmio de Vela de Ilhabela (GVI), em parceria com a Federação de Vela do Estado de São Paulo (Fevesp). Na época, o YCI tinha suas atividades voltadas para a pesca oceânica. 

Carlos Eduardo Campos Maia
foto Edu Grigaitis | Balaio de Ideias
A dedicação dos "velejadores de fim de semana" na década de 70, conduzia o esporte para um rumo promissor. Carlos Eduardo Maia, também empresário e sucessor de Nelson Bastos como capitão de vela do YCI, teve a visão de aproveitar as regatas como instrumento de integração entre os velejadores e a população de Ilhabela. "Não queríamos um evento restrito aos associados. Era preciso levar a movimentação para fora do clube e envolver a comunidade. Mostrar aos caiçaras o que é a vela para que a cidade fosse beneficiada pelas atividades náuticas", enfatiza Maia. 

A Origem - Em 1969, a habitual seca de meio de ano na Represa de Guarapiranga motivou alguns associados a levarem seus monotipos para Ilhabela. A iniciativa partiu de dirigentes do Yacht Club de Santo Amaro (YCSA) e de outros clubes à margem da represa, como Carlos Cyrillo, Mario Volkoff, Geraldo Junqueira e Oscar Wekerle e contou com o apoio da Prefeitua de Ilhabela. A competição foi um sucesso apesar das dificuldades na logística, mas a próxima disputa só ocorreria quatro anos mais tarde. A família Biekarck trouxe da Represa de Guarapiranga cerca de 15 veleiros da classe Optimist, além de acessórios necessários e cedeu todo o material aos meninos caiçaras de Ilhabela. Curiosos com a novidade, puderam também velejar e adquirir o gosto pelo esporte. 

No final de 1972 chegaram ao Brasil os primeiros barcos de Optimist e uma pequena flotilha se formou na Guarapiranga. O objetivo era treinar para o Sul-Americano da classe em Buenos Aires, no ano seguinte. No mês de julho, os pais decidiram que seria mais produtivo se os jovens velejadores treinassem no oceano e levaram os meninos para Ilhabela. Como ficaram apenas observando fora da água, combinaram de trazer seus próprios monotipos no ano seguinte para também velejar, a exemplo das crianças, e não apenas passar vontade. Foram para a raia, veleiros das classes Snipe, Pinguim e Hobie Cat. Era realizada assim, em 1974, a simbólica 1ª Edição da Semana de Vela de Ilhabela, nome que viria a ser oficialmente adotado em 1981, na oitava edição do evento.

Na carona dos monotipos, na mesma época começaram a ser disputadas as Regatas Julinas, uma confraternização de velejadores de oceano acostumados às férias dos meses de julho em Ilhabela com suas famílias. "Em 1981 as regatas de oceano passaram a abrir e fechar a Semana de Vela, até então restrita aos monotipos. A partir de 1983 optamos por organizar as duas classes em competições com datas distintas para que nenhuma corresse o risco de ficar esvaziada", relembra Carlos Eduardo Maia, que em 1977 disputou pela primeira vez a Regata Julina, com seu Zodiac IV, modelo Guanabara 23. 

Evolução - A década de 80 trouxe à Semana de Vela de Ilhabela um desenvolvimento marcante. A evolução pode ser constatada a cada ano. No ano 82 marcou a chegada das jurias especializadas. Árbitros internacionais como Nelson Ilha, Dionísio Sulzbeck, Pedro Paulo Petersen, Boris Ostergreen e Cláudio Ferraz garantiram a credibilidade da disputa. Passaram a ser utilizados aplicativos específicos para o gerenciamento das regatas e foram instituídos o tripulante mirim e a tripulação feminina com o objetivo de democratizar a competição. 

Nas duas primeiras edições, 1981 e 82, com 11 e 15 barcos respectivamente, a classe única, oceano, agrupava todos os inscritos. Em 1983, 19 veleiros foram divididos em duas classes: cruzeiro e regata. O ano marca o primeiro dos nove títulos de Eduardo Souza Ramos, o maior vencedor nos 40 anos de Rolex Ilhabela Sailing Week (1983/1984/1991/2002/2003/2004/2008/2010/2012). Souza Ramos correu com o Tiki, na classe Regata.. No ano seguinte, pela primeira vez foram adotadas regras específicas, com os 26 veleiros inscritos em duas classes: IOR e RHC. 

No final da década, outras experiências e inovações fundamentais vieram para reforçar o rumo na evolução do evento. A competição recebeu pela primeira vez na história o incentivo de um patrocinador, American Express. Torben Grael ganhou o Troféu North Sails, em 1985, a bordo do Saci. 

A competição passou a contar com o apoio da Marinha do Brasil, o que legitimou as regatas e assegurou aos velejadores a autorização para competir no Canal de São Sebastião, priorizando-se a segurança dos participantes conforme as regras de navegação adotadas até hoje. 

"A primeira regata de percurso, dentro do canal, em 1988 foi uma festa para turistas e população. Quem estava na orla, nos bares, praias e restaurantes parou para admirar e fotografar o espetáculo das velas. A Associação Comercial se envolveu com o evento e fizemos a chegada da regata no píer da Vila, anunciando em alto-falantes o nome do barco e da tripulação para todos os que cruzavam a linha de chegada" revive, emocionado, o capitão de vela, Maia, que se inspirou no modelo de chegada de uma regata que disputou no Havaí. 

A partir de 88, abertura oficial da Semana de Vela ganhou imponência, com direito a uma solenidade aberta ao público na praça da Vila. Discurso, banda de música, fogos de artifício e o hasteamento da bandeira brasileira tornaram-se parte integrante do evento. O Yacht Club de Ilhabela se equipava com telex, telefoto e uma estação meteorológica para facilitar o trabalho da mídia e oferecer subsídios aos velejadores. As regatas passaram a ser acompanhadas por uma Comissão de Protestos dentro da água para assegurar mais lisura às disputas. 

Eduardo Souza Ramos, o maior
vencedor, em 1988
No início da década de 90, o número de inscrições na Semana de Vela rompeu pela primeira vez o a casa de três algarismos, chegando à marca histórica de 104 barcos. O próximo salto centenário viria em 2009, estabelecendo o recorde de 205 veleiros inscritos. Hoje, por segurança e garantia de qualidade da competição existe um limite de participantes determinado pela Organização.

Os anos 90 marcaram também a profissionalização do evento com a chegada de importantes patrocinadores. Eduardo Souza Ramos não é o maior vencedor como um dos principais parceiros do evento. O primeiro incentivo veio com a SR Veículos, rede de concessionários da Ford, e se consolidou até esta edição com a marca Mitsubishi. Mais tarde veio o Bradesco e, a partir de 2007, a Rolex dá nome à competição, a exemplo do que acontece com as principais regatas de oceano do circuito mundial. 

A Regata Alcatrazes - Marinha do Brasil, idealizada pela Rádio Eldorado em 1996, foi incluída no programa de regatas da Semana de Vela a partir de 1999. Com 60 milhas náuticas (111 km), tornou-se a mais longa e exigente prova da competição. O recorde oficial pertence ao veleiro argentino Cusi 5, com o tempo de 6h12m29, em 2009. Porém, em 2005, o veleiro Brasil 1, comandado por Torben Grael, fez sua estreia no mar justamente nesta regata e marcou o recorde extra oficial de 6h00min18.

Descontração - O improviso, qualidade geralmente comum ao perfil dos velejadores, marcou momentos inesquecíveis nas participações do capitão Maia. "Até 1990, as tripulações dos barcos maiores retornavam da regata e deixavam o clube. Queríamos manter o clima de confraternização. Pensamos em oferecer algo que todos gostam e que não precisasse pagar. Optamos pela cerveja. Como não tínhamos onde gelar, improvisamos uma velha canoa de madeira abandonada para armazenarmos tudo dentro. Até hoje os velejadores aguardam ansiosos pelo momento da "canoa de cerveja", que transformou-se numa tradição em todo o Brasil. 

Em 1977, Maia também viveu uma situação inusitada durante a Regata Julina. Três tripulações queriam competir, mas não havia juiz e nem equipamento para se organizar a largada. "Chamamos o subgerente do YCI, o Agnaldo, e ensinamos na hora para ele quais eram os principais procedimentos. Faltava ainda um apito ou algo que pudesse emitir um sinal sonoro. Entregamos ao Agnaldo uma "Doze" (espingarda calibre 12), com cano cortado e o tiro de largada para os três barcos, Zodiac IV, Toya e Balli-Hai, foi ouvido em toda a Ilha. 

Os veleiros Fast surgem na raia - Em 1980, numa viagem de negócios à Inglaterra, Nelson Bastos viu num jornal de Londres o anúncio da venda de uma produtora de barcos. Foi ao estaleiro, comprou os moldes e os acessórios e enviou tudo para o Brasil. Instalou o material em um galpão na marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo, e montou uma equipe de produção. Assim começavam a serem fabricados os famosos veleiros Fast 345, modelo de referência na vela oceânica por vários anos. 

"Minha ideia era de fazer barcos apenas para os amigos, mas o diretor da Revista Mar, Ernani Paciornik, publicou alguns anúncios e quando percebi havia 70 ou 80 encomendas. Lançamos também o Fast 410 e o veleiro de 50 pés", recorda Nelson Bastos que já acumulava o cargo de "capitão de vela" do YCI. "Chegamos, inclusive, a ceder um Fast 23 para os irmãos Torben e Lars Grael correrem em Ilhabela. 

O entusiasta velejador considera que a preocupação com a divulgação e a qualidade do evento foi decisiva para atrair novas tripulações. "Ainda não tínhamos muita gente nas regatas, mas nos preocupávamos em oferecer a melhor organização possível. Fazíamos pesquisa para sabermos como melhorar no ano seguinte" revela Nelson que entregava um questionário a cada velejador para avaliar o nível de satisfação. "Logo vieram os cariocas, os argentinos, e os tripulantes de outras regiões. A divulgação da Rádio Eldorado também contribuiu muito para consolidar o evento". 

Tensão a bordo - Antes de se adotar os procedimentos que regem o evento até hoje, Nelson Bastos viveu um momento de pura adrenalina no extremo norte de Ilhabela. "Em 1985 eu estava no Revanche e perdemos o mastro numa rajada de sudeste com mais de 50 nós (quase 100 km/h), em meio à chegada de uma tempestade. A tripulação era experiente, sabia o que fazer e por isso não aceitamos reboque. Foi muito tenso e demoramos umas quatro horas para resgatar o equipamento, o mastro e tudo que caiu no mar". 

Quando conseguiu pisar novamente no píer do YCI, já era madrugada. Nelson foi recepcionado por um sargento da Marinha ávido em querer saber por que a tripulação não pediu e nem aceitou socorro. "O interrogatório foi extenso e tive de alegar que a antena do rádio de bordo também caíra no mar". 

Um clube especial - Modesto, Nelson Bastos faz questão de compartilhar com outros ex-diretores de Vela do YCI, a condução do processo que deu a largada para o atual formato da competição. O incansável velejador lembra de Raul Sulzbacher e de Carlos Eduardo Maia, outros dois pioneiros na vela oceânica em Ilhabela na década de 70. O filho de Raul, Marcos Sulzbacher, é o criador do primeiro logotipo da Semana de Vela, um desenho azul e amarelo de várias ondas e uma vela. 

Nelson Bastos velejou até 1998. Seu último veleiro foi o Força Maior. Em 2013 trouxe seu prestígio à 40ª Rolex Ilhabela Sailing Week como convidado especial da organização e pode relembrar o que faz do Yacht Club de Ilhabela um ponto de encontro único para a comunidade da vela. "Este lugar é espetacular. Tem clima agradável e condições ótimas para se velejar em pleno o inverno. Você vê todo mundo se divertindo com alegria. Enquanto velejadores fantásticos como Torben e Robert correm para ganhar, outros vêm competir para depois tomar cerveja. Aqui todos têm a mesma importância. Isso é Ilhabela!", resume com um carinho especial nas palavras o velho-lobo da vela oceânica brasileira.

Programação da 40ª edição da Rolex Ilhabela Sailing Week

13/7 - sábado: 
- 12h - Regatas Barla-Sota
- 17h - Confraternização no Yacht Club de Ilhabela
- 19h - Premiação da Rolex Ilhabela Sailing Week

Principal evento náutico esportivo da América Latina, a Rolex Ilhabela Sailing Week tem patrocínio titular da Rolex e patrocínios da Mitsubishi Motors e Bradesco Private. O evento tem apoio da Marinha do Brasil, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ABVO e das Classes ORC, HPE, C30, S40 e RGS, entre outros. A organização, sede e realização são do Yacht Club de Ilhabela (YCI).


Fonte: ZDL de Comunicação
Foto: YCI Divulgação | Aline Bassi e Edu Grigaitis – Balaio de Ideias







Diversidade de barcos marca primeira semana de inscrições da ROLEX ILHABELA SAILING WEEK


Classes ORC, HPE, C30, S40, RGS (A, B, C e Cruiser) e Star disputarão o maior evento de vela oceânica da América Latina de 6 a 13 de julho, no Yacht Club de Ilhabela


Jambock (RGS)
A diversidade de barcos é um dos charmes da Rolex Ilhabela Sailing Week, que em 2013 chega à sua 40ª
edição. Evento obrigatório da vela oceânica na América Latina, a tradicional competição reúne barcos de diferentes tamanhos, estados e países. O campeonato mescla velejadores profissionais, amadores e fãs da modalidade, que disputam regatas de igual para igual nas classes ORC, HPE, C30, S40, RGS (A, B, C e Cruiser) e Star. E, logo nas primeiras horas de inscrição, oito equipes confirmaram presença nas provas, que ocorrem de 6 a 13 de julho, no Yacht Club de Ilhabela (YCI). O mais rápido foi o Azulão (Marcello Polônio).

Na ORC, estão inscritos o V8 Nitro (Paulo Treu), Prozak (Márcio Finamore) e Absoluto (Pedro Prosdócimo Neto). Na RGS, que é dividida em quatro categorias e lidera o número de barcos, Thalassa (Maurício Martinez Duarte), Jambock (Marco Antônio Aleixo), Azulão (Marcello Polônio) e Atlântica (Ênio Ferreira Junior) fizeram o processo pelo site www.risw.com.br. Mais novo integrante da classe C30, o Caballo Loco (Mauro Dottori) foi o primeiro a garantir presença

"As classes one-design continuam fortes como o HPE e o crescimento da C30. Porém, a vela de oceano no Brasil nunca poderá prescindir das categorias de rating, que precisam de fórmula para calcular o vencedor. A ORC é de nível internacional e sempre reuniu grandes velejadores. A RGS, pela simplicidade e por ser a classe de entrada na vela, sempre será a maior. Além de proporcionar aos velejadores a oportunidade de estar nos mesmos campeonatos de ponta, como a Rolex Ilhabela Sailing Week, a categoria permite aos fãs da modalidade conviver com a elite", diz Carlos Eduardo Souza e Silva, diretor de vela do Yacht Club de Ilhabela (YCI).

Inscrições - Os velejadores de todo o País e as tripulações estrangeiras devem acessar o site www.risw.com.br e seguir o procedimento indicado. As regatas serão disputadas de 6 a 13 de julho, no Yacht Club de Ilhabela (YCI).

Os participantes devem garantir presença de 1º de maio até 30 de junho. Terão 25% de desconto nas inscrições os veleiros que ficarem em seus clubes de origem, outros clubes com eles conveniados ou com amarras próprias ou alugadas. Neste caso, os valores serão: de 1 a 31 de maio, R$ 200,00 cada tripulante; de 1 a 15 de junho, R$ 240,00 e de 16 a 30 de junho sobre para R$ 300,00.

Os valores das inscrições para os barcos que queiram ficar em poitas ou amarras do Yacht Club de Ilhabela são os seguintes: de 1 a 31 de maio, será de R$ 270,00 por tripulante. Entre 1 e 15 de junho, sobe para R$ 320,00 e de 16 a 30 de junho, passa para R$ 400,00. Vale lembrar que a quantidade de vagas nas dependências do clube é limitada. Além disso, a organização distribuirá as vagas conforme julgar adequado à natureza das embarcações inscritas.

O Yacht Club de Ilhabela poderá limitar a quantidade de embarcações inscritas visando segurança dos velejadores e seus convidados, tanto no mar como nas dependências do clube, tendo prioridade aquelas que primeiro formalizarem inscrição.

Depois de fazer a inscrição, cada atleta poderá visitar a página da Rolex Ilhabela Sailing Week e ver os avisos de regata, resultados das últimas temporadas, fotos e muito mais. Outra novidade é a Fan Page do Facebook, que pretende ser um ponto de encontro virtual da comunidade náutica envolvida no evento.

Resultados de 2012 - A 39ª edição da Rolex Ilhabela Sailing Week foi marcada por regatas equilibradas e de alto nível técnico. Os vencedores em cada categoria foram: Pajero/Gol (S40), Loyal/TNT (C30), SX4/Bond Girl (HPE), Tomgape Touché (ORC Geral e 500), Zeus (ORC 600), Kiron (ORC 650), Prozak (ORC 700), Maria Preta (RGS Maxi), Troop Too (RGS A), Tangaroa (RGS B), Mandinga (RGS C), Chrispin II Kelvin Clima (RGS Cruiser A) e Hélio II- Hospital Sírio Libanês (RGS Cruiser B).

Principal evento náutico esportivo da América Latina, a Rolex Ilhabela Sailing Week tem patrocínio titular da Rolex e patrocínios da Mitsubishi Motors, Bradesco Private e Semp Toshiba. O evento tem apoio da Marinha do Brasil, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ABVO e das Classes ORC, HPE, C30, S40 e RGS, entre outros. A organização, sede e realização são do Yacht Club de Ilhabela (YCI).

Fonte: ZDL de Comunicação
Foto: Aline Bassi | Balaio de Ideias